Parabéns trabalhador!

É e sempre foi assim
Mas, sem deixar de sorrir
Ou de chorar
Quando tudo nunca muda

E na encruzilhada da vida
Se vê sem possibilidades
De uma saída
Sem carregar essas correntes
Na mente, nos pulsos e nos pés

E assim a vida segue
E essa massa nunca para
E trabalha 24 horas por dia
E em todas as áreas
E é com o Sol nas costas

Debaixo de chuva
Seja na noite escura e fria
Ou no inverno cinzento
Segue sua luta

O suor no rosto
As mãos cheias de calos
O corpo cansado
O engolimento de sapos
Tudo a contragosto

E no fim do mês
Mais uma vez
O mísero salário
Não é o suficiente
Para suprir as necessidades
Básicas e que é direito de todos

Afinal, o patrão só pensa
No seu bolso
E o trabalhador
Continua escravo
De um sistema
Que nunca reconheceu
O seu valor

Mais mesmo assim
Na dificuldade da crise
Na falta de justiça
Permanece o sonho
De luta e igualdade
Representado no pulso fechado
Na foice e no martelo
Presente nas comunidades

E a mais valia
Que Marx muito estou
Não é discutida
Nós debates de políticas
Públicas e sociais
Por aqueles
Que muito prometem
E que nunca nos representou

Mais o trabalhador
Escravo e sofredor
E sem o seu valor
Mantém a posição no trabalho
Para construir a riqueza do país
Que não dividi
Com os seus filhos

Parabéns aos trabalhadores
Brasileiros
E que essa data
Seja sempre lembrada
Para nunca nos esquecermos
Da luta por dignidade
E por uma vida mais justa

Ninguém se acha vilão

Ninguém se acha vilão
No congresso
Nos faróis
Nas ruas, nos bancos, vielas
Nos comércios
E em todos os lugares
Se roubam cidadãos
Roubam a voz
Roubam dinheiro
Carros, motos, objetos
Roubam a paciência, a paz
E tudo que se pode levar nas mãos
E vendem ilusões
Exploram não só a mão de obra
Mas também a fé dos irmãos
E escravisam mentes e corpos
Trancando sonhos em prisões
E traficam drogas
Informações e até vidas
E conspiram contra a paz
Só pra mostrar
O que o poder é capaz
E combatem a fraternidade
Com o individualismo
Do capitalismo desigual
E a sua selvageria brutal
E fazem o mal através de mentiras
E tantas outras maneiras
Que vão das coisas mais absurdas
Até as pequenas besteiras
E disseminam o ódio
Julgam, segregam
E condenam as diferenças
Sem a menor consciência
Mas ninguém se acha vilão
E todos sujam as mãos
Pelo menos por omissão
Em meio a tudo isso que acontece
Até porque, o bem
Deveria ser para se praticar
No coração e nas atitudes
De todos nós, cidadãos
E nós seríamos heróis
Ao invés de vilões
Mas só praticamos maldades
No lugar do bem
E ninguém se acha vilão
Ninguém se acha vilão
Julio Cantuaria

Ao trancos e barrancos!

Aos trancos e barrancos
Em meio aos trancos e barrancos
Lá vou eu
A fé é o meu segredo
Pra vencer o medo
E quando o dia amanhece
Eu agradeço a Deus
E de coração peço
Que ele nos proteja
Amor, você e eu
E assim a gente vai
Levando a vida
Aos trancos e barrancos
Tropeçando, caindo e levantando
Sempre em paz e de cabeça erguida
E nas coisas simples
A gente se alegra
Afinal, temos histórias e raízes
Pra cultivar nessa terra
E Deus vai regar a semente
Pra florescer primavera
E alegrias em nossas vidas
Aos trancos e barrancos
Chegamos no tempo de conquistas
Aos trancos e barrancos
Julio Cantuaria

Eu sou do mundo e não seu

Eu sou do mundo e não seu
Eu vou vivendo
Sem pressa
Sem direção
Não me interessa
Se estou na contra mão
Por favor me esqueça
Se espera por lucidez e razão
A loucura é o que me desperta
E me fez ser de coração
E vivo de emoção
Então não me peça pra ficar
Se não concorda
Com o meu jeito de pensar
Mas, também não venha
Me acompanhar
Se for só pra criticar
Por que eu sou do mundo e não seu
E esse mundo todo é meu
E por Deus eu juro
Que tudo que sempre acreditei
Se perdeu nas mentiras
De nossas velhas vidas lúcidas
Eu sou do mundo e não seu
Julio Cantuaria

É preciso ser capaz de revidar!

É preciso ser capaz de revidar!

 

O incapaz de revidar

É aquele que se entrega na bebida

Que se joga na droga

Que desiste da própria vida

E que não se importa

 

Eu vou falar

E não é só por mim

Mas não precisa concordar

Muito menos assumir

 

Eu não estou aqui pra julgar

Mas olhe em sua volta

O incapaz de revidar

É o que mais se vê por aí

 

Mas já é hora de acordar

Não se pode desistir

Já chega de se acomodar

É preciso lutar e resistir

 

Lutar contra tudo que for preciso

Lutar contra o sistema

Contra as ilusões, maldades

E até mesmo o vicio

 

Chega de dar desculpas

De se isentar da culpa

De se omitir

É preciso se unir

 

Para fortalecer a luta

E deixar de ser incapaz de revidar

Pra fazer a mudança acontecer

De uma forma justa

 

Por menor que a mudança seja

Ainda que ela seja dentro de você

É preciso ser capaz de revidar

E fazer acontecer

 

É preciso ser capaz de revidar

Para enfrentar os problemas

Que causam tristezas no coração

Aliás eles são passageiros como chuva de verão

 

É preciso ser capaz de revidar

Julio Cantuaria

 

 

 

 

 

Como diria Nietzsche

Como diria Nietzsche
Quem foi que disse
Que a escravidão acabou?
Se olhar nas mãos
E no semblante do povo trabalhador
Verás que essa idéia é tolice
É sim senhor
Irmãos! Nós já não podemos aceitar
A ipocrisia da tal meritocracia
Num país tão desigual
Como o nosso
E não é normal
Vivermos só de comentar
As injustiças do dia a dia
Sem união nem coragem de lutar
Contro o mal
Que destrói as periferias
 Doutor, olhe e veja
A pobreza da população
Com certeza só nos tráz tristeza
Essa condição dos presídios
Que estão cheios de jovens
Pobres e negros
Filhos de um Brasil esquecido
Que na maioria das vezes
Não tiveram saúde, Educação
E oportunidades de serem
 bons cidadãos
Enquanto que os políticos
Criam regras e leis
Que só beneficiam a eles mesmos
E roubam do povo os direitos
Estabelecidos na constituição
Fazendo da corrupção
Um meio de viverem como reis
Enquanto isso
O sonho e a liberdade
Morrem nas mãos
Da violência gratuita
Alimentada pela omissão
E falta de consciência
De todos os covardes
Afinal, isso é o que nós somos
Quando não fazemos a nossa parte
Quando deixamos de fazer
O que é certo
Pra sermos mais espertos
E só estamos sendo covardes
E o que nós somos?
Eu lhe respondo
Como diria um filósofo
Nós somos seres humanos
Demasiados e desumanos
Donos do nosso próprio abandonado
Como diria Nietzsche
Julio Cantuaria
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