Consciência lavada de sangue

Consciência lavada de sangue

A consciência brasileira
Não deveria ter cor
Mas sim, respeito
E juízo de valor

Afinal, o país é uma mistura
De raça, cor, sabor e credo
Há quem jura
Que esse solo é tão fértil

E tudo que se planta dá
Só não dão valor
Para quem trabalha
E sempre trabalhou

Eita povo guerreiro
É o povo preto
Cuja a verdadeira história
Não é contada

Dizem que escravidão acabou
Mas a senzala virou morro
E o povo continua
Pobre e sofredor

E o olhar de censura
Não deixa de ser tortura
Assim como a fala
Cortante como navalha

De quem julga com injúria
Ódio e rancor
Alguém que não fez nada
De maldoso ou ameaçador

A nossa consciência
Deveria ser limpa
Do preconceito e da maldade
Que aprisionou a liberdade

Mas infelizmente, negra
É a história do Brasil
Que com consentimento da lei
Escravizou quem o serviu

Agora querem tapar
O sol com a peneira
Mas na prática
A injustiça continua a mesma

Porque até hoje
Não se reparou
Os danos dos caboclos
Que sofreram

E se duvidar
Há quem diga
Que o sofrimento do negro
Faz parte do destino

Destino dado por Deus
A cada um
Que tinha sonhos incomuns
De ser seu próprio dono

É triste mas vou dizer
Os trilhos e os caminhos
Que nos levaram ao progresso
Foram lavados com sangue

Lavados com sangue
De gente inocente
E adubados
Com os corpos dos escravos

Consciência negra?
Sem consciência do passado?
E sem a esperança
De um futuro igualitário?

Então, aprenda a respeitar
O irmão ao lado
Não importa a cor da Pele
É sim, a cor do sangue

O meu sangue é vermelho
Como o seu
E se quer mesmo ser diferente
Então pratique a bondade

E tenha sempre consciência
De que amar o próximo
Não é só um princípio
É um mandamento de Deus

Eu quero ter consciência limpa
E respeito pelo negro
Que seja garantidos os direitos
Liberdade e a dignidade da vida

E não essa falsa consciência
Lavada com sangue
Para disfarçar a aparência
De quem refuta minha cor de pele

Consciência lavada de sangue
Julio Cantuaria