No contraste
De um lado
É tanta pobreza
Nesse meu país
Onde o trabalhador
Pobre e infeliz
Tem salário mínimo
E é descartado
Como o lixo
Na mãe natureza
Imaginem aí
Qual será o futuro dos filhos
De quem trabalha duro
E não tem valor
Para o governo
Muito menos para o mercado
E o pai de família vê
O tempo passar
E a criança crescer
Sem sonho, sem esperança
Sem expectativa de vida
Nessa falsa “cidadania”
Construída por fraudes e mentiras
Até porque, nas grandes cidades
Pedem experiência
Pra quem nunca teve oportunidade
Quanta contradição
Já que a mão invisível
Ao invés de te dar um empurrão
Ela te rouba e açoita
Para manter o poder
E a acumulação
Cada vez mais restrita
Afinal, essa “elite do atraso”
Nunca se interessou em fazer
O Brasil crescer e se desenvolver
Distribuindo a riqueza
Aliás, o que eles querem é deixar
O povo apolítico
Se achando “livre”
Mas, burro pra pensar
Desesperado
Sem teto
Sem o que comer e beber
Para que continuem sendo escravos
Sem se quer entender
A sua real condição
E que enquanto isso
Eles vão passando por cima
De nossos corpos
Como donos da razão
Distraídos com o dinheiro
Ostentando o luxo
E abusando do poder
Que dizem, “por deus foi concedido”
E quando será
Que nós vamos perceber
E admitir a realidade?
É preciso acordar
Dessa ilusão paralela
Sair da frente da TV
E deixar de se preocupar
Com o futebol e a novela
Para lutarmos por respeito
Paz e dignidade
Esse contraste da miséria
É fruto da elite do atraso
Que dita as regras
Nesse jogo sujo
Corrupto, corruptor e opressor
Chamado capitalismo selvagem
O contraste (elite do atraso)
Julio Cantuaria