Esse é mais um caso
De alguém inocente
Que o seu veiculo
Simplesmente, foi confundido
Isso é lamentável, eu sei
Mas também é revoltante
Afinal, foram oitenta tiros
Eu disse oitenta tiros
E pior que isso
Os atiradores riram
Deixando mais uma família destruída
Onde um cidadão de bem
Que é refém
Dessa grande violência
Perde a sua vida
Em meio a tanta imprudência
E os representantes do Estado
Políticos e secretários
Não tiveram a menor sensibilidade
Para reconhecer o erro
Muito menos, para pedir desculpas
E assumir a culpa
Do governo brasileiro
Nessa negligência
E quem dera falar
Em respeito, paz e consciência
Que é direto do ser
Hoje vitimado pela ausência
Ausência da justiça
E ontem foi o Evaldo
Amanhã pode ser eu, você
Ou o irmão ao lado
Que será alvejado pelos tiros
De milícias, bandidos
De policiais e até do exercito
Que deveria nos proteger
Mas estão despreparados
Para usar uma arma
E nos defender
Como deveria
Deve ser por isso
Que o atual presidente
Quer colocar armas nas mãos
Dos cidadãos
E lhes incumbir à missão
De se defender da criminalidade
Nem que para isso
Eles tenham que matar ou morrer
A sociedade fica indignada
E sem entender
Como essas injustiças
Continuam prevalecendo
Sobre os princípios morais
Sobre o conceito
De politicas públicas
Relacionadas à segurança
E nós fomos tomados pelo medo
Medo que ofusca
A nossa esperança
Mediante a esse caos
Onde a paz
Já não tem vez
Nem voz
Para pedir ajuda
Os soldados dispararam oitenta tiros
E ainda riram da viúva
Riram da sociedade
E até das autoridades
Autoridades que nem se quer
Comentaram o fato
Por serem insensíveis
Arrogantes, prepotentes e omissos
Oitenta tiros
Julio Cantuaria