Saudades do meu interior
Saudades da poesia
Lá do interior
Que brotava daqueles campos
De histórias e cantorias
Inspirados no dia a dia
Nas dificuldades
Curiosidades
E o amor
Que existe no peito
Do sujeito que viveu e aproveitou
A simplicidade da vida
Onde a felicidade desabrochou
Saudades da poesia
Lá do meu interior
Que brotava dos campos
De cantorias
É que aqui na correria
Da cidade grande
Tomada pela modernidade
Não tem valor
Saudades do choro da viola
Dos versos, das trovas
Do canto dos pássaros
Do cheiro da terra molhada
Saudades do sossego
Que eu tinha naquela pequena casa
Saudades do trabalho na roça
Dos bichos, de plantar o feijão
Saudades da hospitalidade
Daquelas pessoas
Que não deixava
Passar em branco
Sem um sorriso de bom dia
Um café
Do Uoa, vai com Deus e até
Depois da prova boa
Saudades do tempero
Que dava o sabor da comida caipira
Em que se abria o apetite
Com um gole da pinguinha
Saudades e arrependimento
É tudo que tenho
Aqui nessa cidade grande
De desconfiança e violência
Saudades de lá
Saudades do meu tempo de criança
Que nem via
O tempo passar
Hoje a vontade de voltar
É tão grande quanto minha solidão
Pena que já não tenho mais
Aquele pedacinho de chão
Porque eu perdi tudo
Inclusive a paz
Quando sai de lá do mato
Na busca da ilusão de São Paulo
Saudades do meu interior
Julio Cantuaria